A atualização da NR1 reforçou um ponto central para qualquer organização que deseja manter um ambiente de trabalho seguro. A norma passou a exigir a gestão estruturada de riscos psicossociais, incluindo comportamentos relacionados ao assédio. Esta mudança eleva o tema para o mesmo nível de importância dos demais riscos ocupacionais e cria uma nova responsabilidade para empregadores.
O assédio, seja ele moral ou sexual, deixou de ser apenas um problema disciplinar e passou a ser um risco formal que deve ser mapeado, avaliado, controlado e monitorado. Isso implica integrar o tema aos processos de análise preliminar de perigos, matrizes de risco, programas de capacitação e mecanismos de reporte.
Por que o assédio se enquadra na lógica da NR1?
A NR1 revisada segue a mesma abordagem internacional das normas de gestão de risco. Ela exige que empresas identifiquem situações que possam causar danos físicos ou psicológicos. O assédio gera impacto direto no bem-estar, na segurança e no desempenho dos colaboradores. Portanto, precisa ser tratado de forma sistemática, documentada e baseada em evidências.
A norma também prevê ações proporcionais ao tamanho, à complexidade e ao perfil da organização. O tema deixa de ser voluntário ou dependente da cultura interna. Agora há uma exigência formal para prevenir, responder e mitigar riscos psicossociais.
Como as empresas podem estruturar a prevenção
A implementação deve considerar três eixos fundamentais:
1. Identificação e avaliação dos riscos
É necessário mapear situações que favorecem comportamentos de assédio. Rotinas, lideranças, processos, organização do trabalho e fatores culturais podem criar condições de vulnerabilidade. A empresa precisa registrar essas avaliações, revisar periodicamente e priorizar ações.
2. Capacitação contínua
A NR1 exige que trabalhadores e lideranças compreendam os riscos e saibam atuar de forma preventiva. Os treinamentos deixam de ser pontuais. Devem ser planejados, documentados e alinhados à atualização normativa. O conteúdo precisa abordar comportamentos inadequados, canais de reporte, papel das lideranças e medidas disciplinares.
3. Mecanismos de resposta e monitoramento
É aqui que a gestão deixa de ser apenas preventiva. A empresa precisa demonstrar que possui meios eficazes para identificar ocorrências reais. Este ponto abrange apuração, registro, tratamento e análise dos casos.
O papel do canal de denúncias dentro da NR1
Para atender à NR1, as empresas precisam de mecanismos que garantam identificação tempestiva de sinais de assédio. Um canal de denúncias estruturado cumpre exatamente essa função.
O canal permite que colaboradores reportem condutas abusivas com segurança e confidencialidade. Ele apoia a empresa na identificação dos riscos psicossociais, orienta decisões de gestão e cria evidências documentais exigidas para auditorias.
Além disso, o canal reforça a cultura de prevenção, melhora o clima organizacional e reduz a subnotificação, que é um dos maiores desafios no tema do assédio.
Conclusão
A nova NR1 transformou o assédio em um risco ocupacional que deve ser tratado com método, governança e rastreabilidade. As empresas que estruturarem processos de avaliação, capacitação e monitoramento terão mais maturidade para lidar com comportamentos inadequados e proteger os trabalhadores.
O canal de denúncias é uma das ferramentas mais relevantes para cumprir esta nova exigência, porque conecta prevenção, resposta e melhoria contínua. Integrar o canal ao sistema de gestão de riscos psicossociais coloca a empresa no caminho certo para atender à norma e fortalecer a confiança interna.




