A discussão sobre diversidade e inclusão no ambiente de trabalho tem ganhado destaque nas estratégias corporativas de empresas que visam não apenas o cumprimento das leis, mas também a criação de ambientes de trabalho mais inovadores e produtivos. Neste cenário, a diversidade de gênero surge como uma das principais frentes de transformação, impulsionada pela Lei 14.457/22, que nesta semana comemora dois anos de promulgação.
Lei 14.457/22: uma ferramenta para promover inclusão e diversidade
A Lei 14.457/22 instituiu o Programa Emprega + Mulheres e implementou importantes mudanças nas normas trabalhistas com foco no fortalecimento da inclusão das mulheres no mercado de trabalho. Entre as principais mudanças, podemos destacar:
- Apoio à parentalidade na primeira infância: pagamento de reembolso-creche e manutenção ou subvenção de instituições de educação infantil pelos serviços sociais autônomos;
- Flexibilização de jornada de trabalho e férias: a lei favorece as mulheres ao priorizá-las nas vagas de teletrabalho, especialmente aquelas com filhos ou crianças sob guarda judicial de até seis anos. Além disso, a possibilidade de antecipar as férias individuais no primeiro ano de vida do filho é um avanço para o equilíbrio entre carreira e vida pessoal;
- Licença-maternidade e estabilidade: nas empresas cidadãs, a lei 14.457/22 instituiu que os 60 dias extras poderão ser compartilhados entre a colaboradora e o companheiro, desde que ambos trabalhem em uma empresa cidadã. A estabilidade após o retorno ao trabalho também é garantida por seis meses, oferecendo mais segurança para as mães;
- Ascensão profissional e paridade salarial: o Programa Emprega + Mulheres também visa estimular a qualificação em áreas estratégicas e garantir paridade salarial entre homens e mulheres que desempenham funções iguais. Essa medida também é garantida pela Lei da Igualdade Salarial e é fundamental para corrigir distorções históricas e abrir mais oportunidades para as mulheres em cargos de liderança.
Diversidade de gênero: um motor para inovação e produtividade
Um estudo da consultoria McKinsey & Company levantou os benefícios da inclusão de mulheres em todos os níveis hierárquicos das empresas, especialmente em cargos de liderança. Empresas que adotam políticas de diversidade de gênero tendem a ser mais inovadoras e a apresentar uma performance financeira superior. Isso acontece porque ambientes diversos promovem uma troca de ideias mais rica e uma abordagem mais equilibrada na tomada de decisões.
De acordo com o estudo, empresas com maior diversidade de gênero em cargos de liderança têm probabilidade 25% maior de superar a performance financeira de seus concorrentes menos diversos. Além disso, colaboradores de empresas que adotam a diversidade têm uma probabilidade:
- 152% maior de relatar que podem propor novas ideias e experimentar novas abordagens de trabalho;
- 72% maior de reportar que a organização melhora continuamente seus processos;
- 64% maior de colaborar compartilhando ideias e melhores práticas com os colegas.
Isso demonstra que a diversidade não é apenas uma questão de justiça social, mas também de competitividade e sustentabilidade de negócios.
Ferramentas e políticas corporativas para promover a diversidade
Para os setores de Compliance e de Recursos Humanos, a promoção da diversidade de gênero passa pela adoção de políticas claras e eficazes que combatam a discriminação e garantam igualdade de oportunidades. A Lei 14.457/22 oferece um excelente arcabouço para essas práticas, especialmente através das diretrizes estabelecidas para a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio (CIPA).
As organizações devem implementar:
- Normas internas que abordem o assédio sexual e outras formas de violência, amplamente divulgadas aos colaboradores;
- Procedimentos claros para recebimento e apuração de denúncias, com anonimato garantido e sanções cabíveis para os responsáveis por atos de assédio;
- Treinamentos anuais sobre violência, assédio, igualdade e diversidade, que devem ser aplicados a todos os níveis hierárquicos da empresa.
A implementação de canais de denúncias anônimos tem se mostrado eficaz na redução de casos de assédio, contribuindo diretamente para um ambiente de trabalho mais seguro e inclusivo.
Conclusão
Promover a diversidade e a inclusão não deve ser visto como um custo, mas sim como um investimento no capital humano da empresa. O Programa Emprega + Mulheres reforça essa ideia ao introduzir medidas que garantem a prevenção e combate ao assédio, o apoio à parentalidade, a equidade salarial e a ascensão das mulheres no ambiente corporativo. Empresas que abraçam a diversidade de gênero estão mais bem posicionadas para inovar, crescer e alcançar melhores resultados financeiros, além de desempenharem um papel importante na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.