Estruturar um programa de compliance em 2026 deixou de ser um mero diferencial competitivo. Com a NR-01 ganhando força no primeiro semestre de 2026 e a Lei 14.457/22 exigindo medidas concretas, sua organização precisa de um plano de ação claro. Este guia apresenta um caminho estruturado para implementar compliance que funciona na prática.
1. Tenha o Suporte da Alta Administração
Compliance sem apoio da liderança não funciona. O tone at the top determina se seu programa será levado a sério ou virará apenas mais um documento engavetado.
A alta administração precisa demonstrar comprometimento através de ações concretas: alocar orçamento adequado, participar de treinamentos, seguir as regras estabelecidas e comunicar publicamente a importância do tema. Quando o CEO ignora uma política, toda a organização entende a mensagem real.
Documente formalmente o apoio através de resoluções do conselho, comitês específicos de compliance e indicadores de desempenho que incluam aspectos éticos nas avaliações de liderança.
2. Faça a Avaliação de Riscos no seu Programa de Compliance em 2026
A nova NR-01 chega com força total ainda no primeiro semestre de 2026, tornando a avaliação de riscos obrigatória e mais rigorosa. Sua organização não pode mais trabalhar com “achismos” sobre onde estão as vulnerabilidades.
Mapeie sistematicamente os riscos de compliance por área: trabalhistas, ambientais, anticorrupção, proteção de dados, concorrenciais e regulatórios específicos do seu setor. Priorize com base em probabilidade e impacto potencial.
A NR-01 especificamente exige inventário de riscos ocupacionais com metodologia documentada e participação dos trabalhadores.Ignorar essa atualização normativa pode resultar em multas e interdições.
Revise sua matriz de riscos pelo menos anualmente ou sempre que houver mudanças significativas no negócio.
3. Implemente um Código de Conduta e Políticas de Compliance
Código de Conduta não pode ser apenas decorativo. Precisa ser prático, específico e aplicável ao cotidiano da sua operação.
Desenvolva um documento que traduza os valores organizacionais em comportamentos esperados. Aborde conflitos de interesse, relacionamento com terceiros, uso de recursos, proteção de informações e consequências para violações.
Leia mais: Como criar um Código de Conduta empresarial eficaz para promover a ética
Complemente com políticas específicas: anticorrupção, antissuborno, concorrência leal, proteção de dados, prevenção à lavagem de dinheiro, segurança da informação e outras relevantes para seu contexto.
Essas normas precisam de linguagem acessível. Colaborador que não entende a regra não consegue segui-la. Disponibilize versões digitais, facilite o acesso e torne a consulta simples.
4. Aplique os Controles Internos
Políticas sem controles são intenções sem consequências. Os controles internos transformam diretrizes em proteções reais contra desvios.
Segregue funções críticas para que uma única pessoa não controle todo um processo sensível. Implemente alçadas de aprovação proporcionais ao risco. Estabeleça trilhas de auditoria que permitam rastrear decisões e transações.
Automatize controles sempre que possível. Sistemas que bloqueiam operações fora dos parâmetros estabelecidos são mais eficazes que revisões manuais posteriores. Integre controles aos fluxos de trabalho existentes, não os transforme em burocracia paralela.
Documente todos os controles em uma matriz que indique o risco mitigado, o responsável, a periodicidade e os indicadores de efetividade.
5. Invista em Treinamento e Comunicação
A Lei 14.457/22 não deixa margem para interpretação: treinamento sobre prevenção e combate ao assédio sexual e outras formas de violência é obrigatório. Mas sua estratégia de capacitação precisa ir além do mínimo legal.
Desenvolva trilhas de treinamento segmentadas por função e nível de exposição a riscos. Use metodologias diversas: e-learning para conceitos básicos, workshops presenciais para discussão de casos reais, simulações para situações complexas.
Comunique constantemente através de múltiplos canais: intranet, e-mails, murais, reuniões de equipe, newsletters. Compliance precisa estar presente na rotina, não apenas em eventos anuais.
Registre tudo: participação, conteúdo ministrado, avaliações de aprendizado. Essa documentação será essencial em eventual fiscalização ou investigação.
Vá além: conheça o Módulo de Gestão de Treinamentos do Ouvidor Digital.
6. Disponibilize um Canal de Denúncias Confiável
Um canal de denúncias ineficaz mina a credibilidade de todo o programa. Problemas reais permanecem ocultos enquanto a organização acredita estar protegida.
Garanta múltiplas formas de acesso: telefone, website, WhatsApp, e-mail. Disponibilize atendimento 24/7 e em idiomas relevantes para sua força de trabalho. Permita denúncias anônimas, mas ofereça também a opção de identificação para quem preferir.
Considere uma ferramenta especializada como o Ouvidor Digital, que centraliza a gestão do canal de denúncias, assegura confidencialidade e aderência às boas práticas de compliance e proteção de dados.
Comunique amplamente a existência do canal, como utilizá-lo e quais proteções existem para denunciantes. Proíba retaliações explicitamente e trate com rigor qualquer tentativa de perseguição a quem reportou irregularidades.
7. Implemente um Procedimento para Investigações Internas
Estabeleça procedimento formal para apuração que garanta imparcialidade, confidencialidade, contraditório e ampla defesa. Defina prazos, responsáveis e critérios para escalonamento de casos mais graves.
Monte equipe treinada para conduzir investigações. Casos complexos podem demandar apoio externo de especialistas.
Documente meticulosamente cada etapa: recebimento da denúncia, plano de investigação, evidências coletadas, entrevistas realizadas, análise e conclusões. Essa documentação protege tanto a organização quanto os envolvidos.
Estabeleça consequências proporcionais às violações identificadas e aplique-as consistentemente, independentemente da posição hierárquica do infrator.
8. Siga o Processo de Due Diligence
Problemas de compliance frequentemente chegam através de terceiros: fornecedores, distribuidores, agentes, parceiros comerciais. Due diligence robusta é sua primeira linha de defesa.
Verifique regularidade fiscal e trabalhista, histórico de sanções, estrutura societária, reputação de mercado, processos judiciais relevantes, capacidade técnica e financeira.
Formalize requisitos contratuais de compliance: anticorrupção, respeito a direitos humanos, conformidade trabalhista e ambiental.
Reavalie periodicamente seus parceiros de negócio. Due diligence não é evento único na contratação, é processo contínuo de gestão de relacionamento.
Vá além: conheça os dossiês de Due Diligence do Ouvidor Digital.
9. Implemente as Auditorias e o Monitoramento
Estabeleça um ciclo anual de auditorias internas focadas em compliance, cobrindo diferentes áreas e processos. Use metodologia baseada em risco para priorizar o que auditar.
Complemente com monitoramento contínuo através de indicadores: percentual de colaboradores treinados, tempo médio de resposta a denúncias, resultados de due diligence, incidentes reportados, efetividade dos controles.
Trate achados de auditoria com seriedade. Planos de ação precisam de prazos, responsáveis e acompanhamento efetivo até a conclusão.
10. Preze por Diversidade e Inclusão
Ambientes homogêneos tendem ao pensamento de grupo e dificultam questionamentos necessários. Diversidade fortalece governança.
Incorpore metas concretas de diversidade em recrutamento, promoções e composição de comitês. Monitore indicadores demográficos e identifique gaps que demandem intervenção.
Desenvolva políticas específicas de prevenção à discriminação e ao assédio, com mecanismos claros de denúncia e apuração. A Lei 14.457/22 torna isso especialmente relevante.
Promova uma cultura inclusiva, em que diferentes perspectivas sejam valorizadas. Compliance se beneficia quando pessoas de diversos backgrounds se sentem seguras para apontar riscos e questionar práticas estabelecidas.
Treine lideranças sobre vieses inconscientes. Decisões que parecem neutras podem perpetuar exclusões quando não examinadas criticamente.
Conclusão: Programa de Compliance como Vantagem Competitiva em 2026
O cenário regulatório de 2026 não permite mais improvisação. NR-01 revisada, Lei 14.457/22 e crescente fiscalização transformam compliance em investimento estratégico.
Organizações que implementam esses dez passos constroem uma reputação sólida, retêm talentos e estabelecem relações comerciais mais seguras.
Compliance efetivo não se constrói da noite para o dia, mas cada dia sem começar amplia sua exposição a riscos evitáveis.
Em 2026, conte com o Ouvidor Digital! Fale com um de nossos especialistas agora mesmo.




